terça-feira, 27 de novembro de 2012


Mulheres muçulmanas monitoradas por chip gera perplexidade no mundo.

Notícias Gospel Prime
Além de não terem o direito de viajar sem o consentimento de seus responsáveis masculinos e proibidas de dirigir, as mulheres da Arábia Saudita são agora monitoradas por um sistema eletrônico que controla os movimentos se elas atravessarem as fronteiras.
Os responsáveis masculinos pelas mulheres da Arábia começaram a receber mensagens de texto em seus celulares informando quando as mulheres sob sua custódia deixam o país, mesmo que estejam viajando juntos.
Manal al-Sherif, a ativista que se tornou símbolo de uma campanha lançada no ano passado, exortando as mulheres sauditas a desafiarem a proibição de dirigir, começou a espalhar a informação no Twitter, depois que foi alertada por um casal.
O marido, que estava viajando com sua esposa, recebeu uma mensagem de texto das autoridades de imigração informando-o que sua mulher havia deixado o aeroporto internacional de Riad.
“As autoridades estão usando a tecnologia para monitorar as mulheres”, disse o colunista Badriya al-Bishr, que criticou o “estado de escravidão em que as mulheres são mantidas” no pais muçulmanos ultraconservador. “Esta é uma tecnologia usada para o atraso, e assim manter ae mulheres presas”, disse Bishr.
Para que uma mulher saia da Arábia Saudita sem permissão de seu guardião masculino, ele deve dar o seu consentimento ao assinar o que é conhecido como a “folha amarela” no aeroporto ou no posto de fronteira. A nova tecnologia emite o alerta após a leitura de um chip instalado no passaporte que se comunica com a internet. Há rumores para a futura implantação de chips similares sob a pele, algo não confirmado pelo governo saudita.
A medida das autoridades sauditas foi rapidamente condenada nas redes sociais, embora o acesso do mundo árabe a esses meios ainda seja bem restrito.
A Arábia Saudita, onde fica Meca, vive sob uma interpretação radical da sharia, ou lei islâmica. É o único país do mundo onde as mulheres não têm permissão para dirigir. O reino impõe regras rígidas que restringem a convivência entre os sexos. Pela lei, as mulheres são obrigadas a usar um véu e um manto preto, ou abaya, que as cobre da cabeça aos pés, exceto para as mãos e o rosto.

domingo, 25 de novembro de 2012

Festa de Cristo Rei e dia dos cristãos leigos


No último domingo do ano litúrgico, a Igreja comemora a Festa de Cristo Rei, que foi instituída pelo Papa Pio XI, 1925. – “Rei, reinar, reger”, vem de “rex, regere” (língua latina” = Rei, que é chefe de um país, de um povo), que procura “reger, dirigir,orientar para felicidade e realização do bem estar de todos.

O Reino de Deus foi e será sempre a vitória sobre o pecado e a morte, que garante a salvação da humanidade. Para Jesus, o poder é servir, dar a vida. A riqueza torna-se misericórdia (acolhimento aos outros) e neste Reino não há súditos, mas irmãos(ãs) amados(as).

Somos convocados para um encontro com Jesus Cristo vivo. Ele é nosso Rei, porque procuramos viver segundo seus ensinamentos, orientar o nosso modo de pensar, de falar, de julgar, de agir, de trabalhar e de viver. O Reino de Deus acontece onde Jesus é conhecido, acreditado, obedecido e amado. Nele, Jesus é rei e reina, pois está apresente o amor verdadeiro. O Reino de Deus começa dentro do coração das pessoas e cresce na vida comunitária. Foi Jesus que disse: “o Reino de Deus está no meio de vós!” (Lc.17,21)

Neste dia, a Igreja no Brasil celebra também o Dia Nacional dos cristãos leigas e leigos. O Concílio Vaticano II resgatou seu papel fundamental como membros povo de Deus e protagonistas da Evangelização e da promoção humana. No documento de Aparecida, ficou expresso que os leigos e leigas são discípulos missionários, luz do mundo, onde quer que se viva, trabalhe, reze e se divirta, ou seja, na família, na escola, na Igreja, na oficina, fábrica, escritórios, consultórios, no mundo da cultura, da comunicação, no mundo da política, no mundo das ciências, das artes, do trabalho e do sofrimento (Doc. Ap.210). São homens e mulheres da Igreja no mundo e homens e mulheres do mundo na Igreja,”são chamados a participar na ação pastoral da Igreja, primeiro pelo testemunho de vida, na Sociedade fazendo com que ela seja mais justa e fraterna e anúncio do Reino definitivo. Em segundo lugar com ações no campo da evangelização, da vida litúrgica e tantas outras formas de apostolado, segundo as necessidades locais sob a guia de seus pastores” (Doc.Ap.211).  Esta atuação dos leigos e leigas no trabalho evangelizador é fundamental, conforme nos ensina o Papa João Paulo II: “A Evangelização do Continente não pode realizar-se hoje sem a colaboração dos fiéis leigos.”(Exortação Ecclesia in América 44). No exercício desta sua missão, “os leigos necessitam de uma sólida formação doutrinal, pastoral, espiritual e sócio transformadora para darem testemunho de Jesus Cristo e dos valores do reino”. (Doc. Ap.212)

Neste dia, queremos ressaltar a importância da organização dos leigos e leigas. Precisamos valorizar e incentivar os Conselhos de Leigos, seja no âmbito Nacional, Regional, assim como nas Igrejas Particulares, pois são instrumento válido, ativo e necessário para contribuir com a melhor compreensão da vocação laical bem como sua missão no meio do mundo e na comunidade eclesial.

Queremos saudar tantos leigos e leigas por todo o Brasil pelo imenso trabalho de ser luz no mundo, pela participação nos diferentes campos de inserção na Sociedade. Alegramo-nos com todos os que assumem a sua vocação batismal e a dimensão eclesial da própria fé no exercício de um ministério eclesial ou na presença transformadora e santificadora no mundo. De um modo especial,neste dia em que também encerramos  o Ano Nacional da Catequese, queremos externar reconhecimento e gratidão por tantos leigos, leigas catequistas, construtores do reino de Jesus na catequese de adultos, junto aos jovens e crianças.

Encontro do terço dos homens...








 
Fotos: Lidiane Morais

Testemunho: Filho de Pastores protestantes converte-se ao Catolicismo.

Chamo me, Manuel da Costa, tenho 31 anos e sou  filho de Pais Pastores, desde infância  os meus Pais colocaram nos na Igreja e nos ensinaram a temer  á Deus. Durante 22 anos vivi na Província de Cabinda (Angola) depois fui para a Capital Luanda (Angola) para fazer a faculdade de Engenharia Informática. A minha irmã que me recebeu na Capital era da Igreja Pentecostal, ela tinha um carinho aos Pastores Adventistas ela comprava Pregações e estudos de profecias sobre o apocalipse.
Mesmo não sendo Adventista achei interessante destas aulas, comecei a estudar grandemente estas matérias, até que  no ano 2008 tomei decisão de receber o Batismo por imersão na Igreja onde o meu Pai era Pastor. Comecei a participar ativamente na Igreja e a ocupar alguns cargos como secretário  da Paróquia, comecei  a ter um fanatismo aos pastores Adventista e repetia como um Papagaio  de que o Santo Padre é a besta do Apocalipse 13 e a Igreja Católica  era a babilônia descrito no apocalipse 17. Cheguei  a pensar que a Igreja Adventista é que prega a verdade, eu sinceramente comecei a desprezar todas Igrejas protestantes inclusive onde eu era membro, isto porque os estudos adventistas me convenceram do Sábado e da Mortalidade da Alma. Muitas coisas sobre o Catolicismo que eu não sabia muito bem eu repetia sem que primeiro  ter estudado o problema.
Conheci uma jovem  Católica que atualmente é a minha esposa, eu a atacava sempre ,e ela  humildemente não conseguia se defender mesmo tendo os sacramentos. Me lembro uma vez fui a uma feira de livros da Religião ISLÂMICA onde encontrei um livro que mostrava a diferença entre o Cristianismo e o Islão, tentei debater com um Islâmico ele me derrubou com seus argumentos e fiquei sem respostas para defender o Cristianismo, ele me perguntou porque é que os cristãos tem bíblias diferentes? Será que foi  inspiração de Deus?” me falou dos concílios  eu nem sabia o que era.
Esta vergonha que eu passei de não defender o cristianismo,me levou a estudar para saber como defender a religião cristã,surgiram muitas dúvidas na minha cabeça.
Comecei a procurar na Internet sites para estudo do cristianismo e comecei a ler a história do cristianismo,a historia do Cânon bíblico.
O que me surpreendeu mais é o nível de argumentos dos ex-protestantes, comecei a encarar que  os testemunhos de ex-protestantes eram mais sábios e  com argumentos bíblicos e histórico, eu nem sabia o que era  a Patrística… O testemunho do Ex-Pastor Casanova me deixou perplexo com tamanha argumentação bíblica e da história do Cristianismo.
O vídeo que roda na Internet onde o Pe. Paulo Ricardo responde a um protestante que diz sobre a Babilônia descrito no Apocalipse, me lavou  de toda ignorância que eu tinha aprendido dos Adventistas sobre o Apocalipse 17.
Naquele  momento comecei a encarar o Protestantismo como uma religião caluniadora, que confunde a Igreja com os membros da Igreja.
Graças a Deus no dia 19 Agosto de 2011, casei na Igreja Católica  com a minha esposa durante a celebração do matrimônio fiz a profissão de fé e pela primeira vez recebi a sagrada hóstia.
Meus queridos irmãos Protestantes  e Católicos,  só existe uma verdade que vêem de Deus,pra saber esta verdade só é possível no Magistério da Igreja que são Paulo chama de Coluna da Verdade(I Timotéo 3:15-17).

Mensagem do Papa Bento XVI para a XXVIII Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro

"DEIXAI-VOS ATRAIR POR ELE!"



CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 16 de novembro de 2012(ZENIT.org) - Publicamos a seguir a mensagem do Papa Bento XVI para a XXVIII Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro, em julho de 2013.
«Ide e fazei discípulos entre as nações!» (cf. Mt 28,19)
Queridos jovens,
Desejo fazer chegar a todos vós minha saudação cheia de alegria e afeto. Tenho a certeza que muitos de vós regressastes a casa da Jornada Mundial da Juventude em Madri mais «enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé» (cf. Col 2,7). Este ano, inspirados pelo tema: «Alegrai-vos sempre no Senhor» (Fil 4,4) celebramos a alegria de ser cristãos nas várias Dioceses. E agora estamo-nos preparando para a próxima Jornada Mundial, que será celebrada no Rio de Janeiro, Brasil, em julho de 2013.
Desejo, em primeiro lugar, renovar a vós o convite para participardes nesse importante evento. A conhecida estátua do Cristo Redentor, que se eleva sobre àquela bela cidade brasileira, será o símbolo eloquente deste convite: seus braços abertos são o sinal da acolhida que o Senhor reservará a todos quantos vierem até Ele, e o seu coração retrata o imenso amor que Ele tem por cada um e cada uma de vós. Deixai-vos atrair por Ele! Vivei essa experiência de encontro com Cristo, junto com tantos outros jovens que se reunirão no Rio para o próximo encontro mundial! Deixai-vos amar por Ele e sereis as testemunhas de que o mundo precisa.
Convido a vos preparardes para a Jornada Mundial do Rio de Janeiro, meditando desde já sobre o tema do encontro: «Ide e fazei discípulos entre as nações» (cf. Mt 28,19). Trata-se da grande exortação missionária que Cristo deixou para toda a Igreja e que permanece atual ainda hoje, dois mil anos depois. Agora este mandato deve ressoar fortemente em vosso coração. O ano de preparação para o encontro do Rio coincide com o Ano da fé, no início do qual o Sínodo dos Bispos dedicou os seus trabalhos à «nova evangelização para a transmissão da fé cristã». Por isso me alegro que também vós, queridos jovens, sejais envolvidos neste impulso missionário de toda a Igreja: fazer conhecer Cristo é o dom mais precioso que podeis fazer aos outros.
1. Uma chamada urgente
A história mostra-nos muitos jovens que, através do dom generoso de si mesmos, contribuíram grandemente para o Reino de Deus e para o desenvolvimento deste mundo, anunciando o Evangelho. Com grande entusiasmo, levaram a Boa Nova do Amor de Deus manifestado em Cristo, com meios e possibilidades muito inferiores àqueles de que dispomos hoje em dia. Penso, por exemplo, no Beato José de Anchieta, jovem jesuíta espanhol do século XVI, que partiu em missão para o Brasil quando tinha menos de vinte anos e se tornou um grande apóstolo do Novo Mundo. Mas penso também em tantos de vós que se dedicam generosamente à missão da Igreja: disto mesmo tive um testemunho surpreendente na Jornada Mundial de Madri, em particular nareunião com os voluntários.
Hoje, não poucos jovens duvidam profundamente que a vida seja um bem, e não veem com clareza o próprio caminho. De um modo geral, diante das dificuldades do mundo contemporâneo, muitos se perguntam: E eu, que posso fazer? A luz da fé ilumina esta escuridão, nos fazendo compreender que toda existência tem um valor inestimável, porque é fruto do amor de Deus. Ele ama mesmo quem se distanciou ou esqueceu d’Ele: tem paciência e espera; mais que isso, deu o seu Filho, morto e ressuscitado, para nos libertar radicalmente do mal. E Cristo enviou os seus discípulos para levar a todos os povos este alegre anúncio de salvação e de vida nova.
A Igreja, para continuar esta missão de evangelização, conta também convosco. Queridos jovens, vós sois os primeiros missionários no meio dos jovens da vossa idade! No final do Concílio Ecumênico Vaticano II, cujo cinquentenário celebramos neste ano, o Servo de Deus Paulo VI entregou aos jovens e às jovens do mundo inteiro uma Mensagem que começava com estas palavras: «É a vós, rapazes e moças de todo o mundo, que o Concílio quer dirigir a sua última mensagem, pois sereis vós a recolher o facho das mãos dos vossos antepassados e a viver no mundo no momento das mais gigantescas transformações da sua história, sois vós quem, recolhendo o melhor do exemplo e do ensinamento dos vossos pais e mestres, ides constituir a sociedade de amanhã: salvar-vos-eis ou perecereis com ela». E concluía com um apelo: «Construí com entusiasmo um mundo melhor que o dos vossos antepassados!» (Mensagem aos jovens, 8 de dezembro de 1965).
Queridos amigos, este convite é extremamente atual. Estamos passando por um período histórico muito particular: o progresso técnico nos deu oportunidades inéditas de interação entre os homens e entre os povos, mas a globalização destas relações só será positiva e fará crescer o mundo em humanidade se estiver fundada não sobre o materialismo mas sobre o amor, a única realidade capaz de encher o coração de cada um e unir as pessoas. Deus é amor. O homem que esquece Deus fica sem esperança e se torna incapaz de amar seu semelhante. Por isso é urgente testemunhar a presença de Deus para que todos possam experimentá-la: está em jogo a salvação da humanidade, a salvação de cada um de nós. Qualquer pessoa que entenda essa necessidade, não poderá deixar de exclamar com São Paulo: «Ai de mim se eu não anunciar o Evangelho» (1 Cor 9,16).
2. Tornai-vos discípulos de Cristo
Esta chamada missionária vos é dirigida também por outro motivo: é necessário para o nosso caminho de fé pessoal. O Beato João Paulo II escrevia: «É dando a fé que ela se fortalece» (Encíclica Redemptoris missio, 2). Ao anunciar o Evangelho, vós mesmos cresceis em um enraizamento cada vez mais profundo em Cristo, vos tornais cristãos maduros. O compromisso missionário é uma dimensão essencial da fé: não se crê verdadeiramente, se não se evangeliza. E o anúncio do Evangelho não pode ser senão consequência da alegria de ter encontrado Cristo e ter descoberto n’Ele a rocha sobre a qual construir a própria existência. Comprometendo-vos no serviço aos demais e no anúncio do Evangelho, a vossa vida, muitas vezes fragmentada entre tantas atividades diversas, encontrará no Senhor a sua unidade; construir-vos-eis também a vós mesmos; crescereis e amadurecereis em humanidade.
Mas, que significa ser missionário? Significa acima de tudo ser discípulo de Cristo e ouvir sem cessar o convite a segui-Lo, o convite a fixar o olhar n’Ele: «Aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração» (Mt 11,29). O discípulo, de fato, é uma pessoa que se põe à escuta da Palavra de Jesus (cf. Lc 10,39), a quem reconhece como o Mestre que nos amou até o dom de sua vida. Trata-se, portanto, de cada um de vós deixar-se plasmar diariamente pela Palavra de Deus: ela vos transformará em amigos do Senhor Jesus, capazes de fazer outros jovens entrar nesta mesma amizade com Ele.
Aconselho-vos a guardar na memória os dons recebidos de Deus, para poder transmiti-los ao vosso redor. Aprendei a reler a vossa história pessoal, tomai consciência também do maravilhoso legado recebido das gerações que vos precederam: tantos cristãos nos transmitiram a fé com coragem, enfrentando obstáculos e incompreensões. Não o esqueçamos jamais! Fazemos parte de uma longa cadeia de homens e mulheres que nos transmitiram a verdade da fé e contam conosco para que outros a recebam. Ser missionário pressupõe o conhecimento deste patrimônio recebido que é a fé da Igreja: é necessário conhecer aquilo em que se crê, para podê-lo anunciar. Como escrevi na introdução do YouCat, o Catecismo para jovens que vos entreguei no Encontro Mundial de Madri, «tendes de conhecer a vossa fé como um especialista em informática domina o sistema operacional de um computador. Tendes de compreendê-la como um bom músico entende uma partitura. Sim, tendes de estar enraizados na fé ainda mais profundamente que a geração dos vossos pais, para enfrentar os desafios e as tentações deste tempo com força e determinação» (Prefácio).
3. Ide!
Jesus enviou os seus discípulos em missão com este mandato: «Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura! Quem crer e for batizado será salvo» (Mc 16,15-16). Evangelizar significa levar aos outros a Boa Nova da salvação, e esta Boa Nova é uma pessoa: Jesus Cristo. Quando O encontro, quando descubro até que ponto sou amado por Deus e salvo por Ele, nasce em mim não apenas o desejo, mas a necessidade de fazê-lo conhecido pelos demais. No início do Evangelho de João, vemos como André, depois de ter encontrado Jesus, se apressa em conduzir a Ele seu irmão Simão (cf. 1,40-42). A evangelização sempre parte do encontro com o Senhor Jesus: quem se aproximou d’Ele e experimentou o seu amor, quer logo partilhar a beleza desse encontro e a alegria que nasce dessa amizade. Quanto mais conhecemos a Cristo, tanto mais queremos anunciá-lo. Quanto mais falamos com Ele, tanto mais queremos falar d’Ele. Quanto mais somos conquistados por Ele, tanto mais desejamos levar outras pessoas para Ele.
Pelo Batismo, que nos gera para a vida nova, o Espírito Santo vem habitar em nós e inflama a nossa mente e o nosso coração: é Ele que nos guia para conhecer a Deus e entrar em uma amizade sempre mais profunda com Cristo. É o Espírito que nos impulsiona a fazer o bem, servindo os outros com o dom de nós mesmos. Depois, através do sacramento da Confirmação, somos fortalecidos pelos seus dons, para testemunhar de modo sempre mais maduro o Evangelho. Assim, o Espírito de amor é a alma da missão: Ele nos impele a sair de nós mesmos para «ir» e evangelizar. Queridos jovens, deixai-vos conduzir pela força do amor de Deus, deixai que este amor vença a tendência de fechar-se no próprio mundo, nos próprios problemas, nos próprios hábitos; tende a coragem de «sair» de vós mesmos para «ir» ao encontro dos outros e guiá-los ao encontro de Deus.
4. Alcançai todos os povos
Cristo ressuscitado enviou os seus discípulos para dar testemunho de sua presença salvífica a todos os povos, porque Deus, no seu amor superabundante, quer que todos sejam salvos e ninguém se perca. Com o sacrifício de amor na Cruz, Jesus abriu o caminho para que todo homem e toda mulher possa conhecer a Deus e entrar em comunhão de amor com Ele. E constituiu uma comunidade de discípulos para levar o anúncio salvífico do Evangelho até os confins da terra, a fim de alcançar os homens e as mulheres de todos os lugares e de todos os tempos. Façamos nosso esse desejo de Deus!
Queridos amigos, estendei o olhar e vede ao vosso redor: tantos jovens perderam o sentido da sua existência. Ide! Cristo precisa de também de vós. Deixai-vos envolver pelo seu amor, sede instrumentos desse amor imenso, para que alcance a todos, especialmente aos «afastados». Alguns encontram-se geograficamente distantes, enquanto outros estão longe porque a sua cultura não dá espaço para Deus; alguns ainda não acolheram o Evangelho pessoalmente, enquanto outros, apesar de o terem recebido, vivem como se Deus não existisse. A todos abramos a porta do nosso coração; procuremos entrar em diálogo com simplicidade e respeito: este diálogo, se vivido com uma amizade verdadeira, dará seus frutos. Os «povos», aos quais somos enviados, não são apenas os outros Países do mundo, mas também os diversos âmbitos de vida: as famílias, os bairros, os ambientes de estudo ou de trabalho, os grupos de amigos e os locais de lazer. O jubiloso anúncio do Evangelho se destina a todos os âmbitos da nossa vida, sem exceção.
Gostaria de destacar dois campos, nos quais deve fazer-se ainda mais solícito o vosso empenho missionário. O primeiro é o das comunicações sociais, em particular o mundo da internet. Como tive já oportunidade de dizer-vos, queridos jovens, «senti-vos comprometidos a introduzir na cultura deste novo ambiente comunicador e informativo os valores sobre os quais assenta a vossa vida! [...] A vós, jovens, que vos encontrais quase espontaneamente em sintonia com estes novos meios de comunicação, compete de modo particular a tarefa da evangelização deste “continente digital”» (Mensagem para o XLIII Dia Mundial das Comunicações Sociais, 24 de maio de 2009). Aprendei, portanto, a usar com sabedoria este meio, levando em conta também os perigos que ele traz consigo, particularmente o risco da dependência, de confundir o mundo real com o virtual, de substituir o encontro e o diálogo direto com as pessoas por contatos na rede.
O segundo campo é o da mobilidade. Hoje são sempre mais numerosos os jovens que viajam, seja por motivos de estudo ou de trabalho, seja por diversão. Mas penso também em todos os movimentos migratórios, que levam milhões de pessoas, frequentemente jovens, a se transferir e mudar de Região ou País, por razões econômicas ou sociais. Também estes fenômenos podem se tornar ocasiões providenciais para a difusão do Evangelho. Queridos jovens, não tenhais medo de testemunhar a vossa fé também nesses contextos: para aqueles com quem vos deparareis, é um dom precioso a comunicação da alegria do encontro com Cristo.
5. Fazei discípulos!
Penso que já várias vezes experimentastes a dificuldade de envolver os jovens da vossa idade na experiência da fé. Frequentemente tereis constatado que em muitos deles, especialmente em certas fases do caminho da vida, existe o desejo de conhecer a Cristo e viver os valores do Evangelho, mas tal desejo é acompanhado pela sensação de ser inadequados e incapazes. Que fazer? Em primeiro lugar, a vossa solicitude e a simplicidade do vosso testemunho serão um canal através do qual Deus poderá tocar seu coração. O anúncio de Cristo não passa somente através das palavras, mas deve envolver toda a vida e traduzir-se em gestos de amor. A ação de evangelizar nasce do amor que Cristo infundiu em nós; por isso, o nosso amor deve conformar-se sempre mais ao d’Ele. Como o bom Samaritano, devemos manter-nos solidários com quem encontramos, sabendo escutar, compreender e ajudar, para conduzir, quem procura a verdade e o sentido da vida, à casa de Deus que é a Igreja, onde há esperança e salvação (cf. Lc 10,29-37). Queridos amigos, nunca esqueçais que o primeiro ato de amor que podeis fazer ao próximo é partilhar a fonte da nossa esperança: quem não dá Deus, dá muito pouco. Aos seus apóstolos, Jesus ordena: «Fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei» (Mt 28,19-20). Os meios que temos para «fazer discípulos» são principalmente o Batismo e a catequese. Isto significa que devemos conduzir as pessoas que estamos evangelizando ao encontro com Cristo vivo, particularmente na sua Palavra e nos Sacramentos: assim poderão crer n’Ele, conhecerão a Deus e viverão da sua graça. Gostaria que cada um de vós se perguntasse: Alguma vez tive a coragem de propor o Batismo a jovens que ainda não o receberam? Convidei alguém a seguir um caminho de descoberta da fé cristã? Queridos amigos, não tenhais medo de propor aos jovens da vossa idade o encontro com Cristo. Invocai o Espírito Santo: Ele vos guiará para entrardes sempre mais no conhecimento e no amor de Cristo, e vos tornará criativos na transmissão do Evangelho.
6. Firmes na fé
Diante das dificuldades na missão de evangelizar, às vezes sereis tentados a dizer como o profeta Jeremias: «Ah! Senhor Deus, eu não sei falar, sou muito novo». Mas, também a vós, Deus responde: «Não digas que és muito novo; a todos a quem eu te enviar, irás» (Jr 1,6-7). Quando vos sentirdes inadequados, incapazes e frágeis para anunciar e testemunhar a fé, não tenhais medo. A evangelização não é uma iniciativa nossa nem depende primariamente dos nossos talentos, mas é uma resposta confiante e obediente à chamada de Deus, e portanto não se baseia sobre a nossaforça, mas na d’Ele. Isso mesmo experimentou o apóstolo Paulo: «Trazemos esse tesouro em vasos de barro, para que todos reconheçam que este poder extraordinário vem de Deus e não de nós» (2 Cor 4,7).
Por isso convido-vos a enraizar-vos na oração e nos sacramentos. A evangelização autêntica nasce sempre da oração e é sustentada por esta: para poder falar de Deus, devemos primeiro falar com Deus. E, na oração, confiamos ao Senhor as pessoas às quais somos enviados, suplicando-Lhe que toque o seu coração; pedimos ao Espírito Santo que nos torne seus instrumentos para a salvação dessas pessoas; pedimos a Cristo que coloque as palavras nos nossos lábios e faça de nós sinais do seu amor. E, de modo mais geral, rezamos pela missão de toda a Igreja, de acordo com a ordem explícita de Jesus: «Pedi, pois, ao dono da messe que envie trabalhadores para a sua colheita!» (Mt 9,38). Sabei encontrar na Eucaristia a fonte da vossa vida de fé e do vosso testemunho cristão, participando com fidelidade na Missa ao domingo e sempre que possível também durante a semana. Recorrei frequentemente ao sacramento da Reconciliação: é um encontro precioso com a misericórdia de Deus que nos acolhe, perdoa e renova os nossos corações na caridade. E, se ainda não o recebestes, não hesiteis em receber o sacramento da Confirmação ou Crisma preparando-vos com cuidado e solicitude. Junto com a Eucaristia, esse é o sacramento da missão, porque nos dá a força e o amor do Espírito Santo para professar sem medo a fé. Encorajo-vos ainda à prática da adoração eucarística: permanecer à escuta e em diálogo com Jesus presente no Santíssimo Sacramento, torna-se ponto de partida para um renovado impulso missionário.
Se seguirdes este caminho, o próprio Cristo vos dará a capacidade de ser plenamente fiéis à sua Palavra e de testemunhá-Lo com lealdade e coragem. Algumas vezes sereis chamados a dar provas de perseverança, particularmente quando a Palavra de Deus suscitar reservas ou oposições. Em certas regiões do mundo, alguns de vós sofrem por não poder testemunhar publicamente a fé em Cristo, por falta de liberdade religiosa. E há quem já tenha pagado com a vida o preço da própria pertença à Igreja. Encorajo-vos a permanecer firmes na fé, certos de que Cristo está ao vosso lado em todas as provas. Ele vos repete: «Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo tipo de mal contra vós, por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus» (Mt 5,11-12).
7. Com toda a Igreja
Queridos jovens, para permanecer firmes na confissão da fé cristã nos vários lugares onde sois enviados, precisais da Igreja. Ninguém pode ser testemunha do Evangelho sozinho. Jesus enviou em missão os seus discípulos juntos: o mandato «fazei discípulos» é formulado no plural. Assim, é sempre como membros da comunidade cristã que prestamos o nosso testemunho, e a nossa missão torna-se fecunda pela comunhão que vivemos na Igreja: seremos reconhecidos como discípulos de Cristo pela unidade e o amor que tivermos uns com os outros (cf. Jo 13,35). Agradeço ao Senhor pela preciosa obra de evangelização que realizam as nossas comunidades cristãs, as nossas paróquias, os nossos movimentos eclesiais. Os frutos desta evangelização pertencem a toda a Igreja: «um é o que semeia e outro o que colhe», dizia Jesus (Jo 4,37).
A propósito, não posso deixar de dar graças pelo grande dom dos missionários, que dedicam toda a sua vida ao anúncio do Evangelho até os confins da terra. Do mesmo modo bendigo o Senhor pelos sacerdotes e os consagrados, que ofertam inteiramente as suas vidas para que Jesus Cristo seja anunciado e amado. Desejo aqui encorajar os jovens chamados por Deus a alguma dessas vocações, para que se comprometam com entusiasmo: «Há mais alegria em dar do que em receber!» (At 20,35). Àqueles que deixam tudo para segui-Lo, Jesus prometeu o cêntuplo e a vida eterna (cf. Mt 19,29).
Dou graças também por todos os fiéis leigos que se empenham por viver o seu dia-a-dia como missão, nos diversos lugares onde se encontram, tanto em família como no trabalho, para que Cristo seja amado e cresça o Reino de Deus. Penso particularmente em quantos atuam no campo da educação, da saúde, do mundo empresarial, da política e da economia, e em tantos outros âmbitos do apostolado dos leigos. Cristo precisa do vosso empenho e do vosso testemunho. Que nada – nem as dificuldades, nem as incompreensões – vos faça renunciar a levar o Evangelho de Cristo aos lugares onde vos encontrais: cada um de vós é precioso no grande mosaico da evangelização!
8. «Aqui estou, Senhor!»
Em suma, queridos jovens, queria vos convidar a escutar no íntimo de vós mesmos a chamada de Jesus para anunciar o seu Evangelho. Como mostra a grande estátua do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, o seu coração está aberto para amar a todos sem distinção, e seus braços estendidos para alcançar a cada um. Sede vós o coração e os braços de Jesus. Ide testemunhar o seu amor, sede os novos missionários animados pelo seu amor e acolhimento. Segui o exemplo dos grandes missionários da Igreja, como São Francisco Xavier e muitos outros.
No final da Jornada Mundial da Juventude em Madri, dei a bênção a alguns jovens de diferentes continentes que partiam em missão. Representavam a multidão de jovens que, fazendo eco às palavras do profeta Isaías, diziam ao Senhor: «Aqui estou! Envia-me» (Is 6,8). A Igreja tem confiança em vós e vos está profundamente grata pela alegria e o dinamismo que trazeis: usai os vossos talentos generosamente ao serviço do anúncio do Evangelho. Sabemos que o Espírito Santo se dá a quantos, com humildade de coração, se tornam disponíveis para tal anúncio. E não tenhais medo! Jesus, Salvador do mundo, está conosco todos os dias, até o fim dos tempos (cf. Mt28,20).
Dirigido aos jovens de toda a terra, este apelo assume uma importância particular para vós, queridos jovens da América Latina. De fato, na V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, realizada em Aparecida, no ano de 2007, os bispos lançaram uma «missão continental». E os jovens, que constituem a maioria da população naquele continente, representam uma força importante e preciosa para a Igreja e para a sociedade. Por isso sede vós os primeiros missionários. Agora que a Jornada Mundial da Juventude retorna à América Latina, exorto todos os jovens do continente: transmiti aos vossos coetâneos do mundo inteiro o entusiasmo da vossa fé.
A Virgem Maria, Estrela da Nova Evangelização, também invocada sob os títulos de Nossa Senhora Aparecida e Nossa Senhora de Guadalupe, acompanhe cada um de vós em vossa missão de testemunhas do amor de Deus. A todos, com especial carinho, concedo a minha Bênção Apostólica.
Vaticano, 18 de outubro de 2012.
BENEDICTUS PP XVI

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Igreja católica rejeita “Fideísmo”, isto é, crer CONTRA a razão, afirma o Papa.

Apresentamos as palavras de Bento XVI durante a catequese realizada na tradicional Audiência Geral na sala Paulo VI, no Vaticano.
Queridos irmãos e irmãs,
Continuamos avançando neste Ano da Fé carregando no coração a esperança de redescobrir a grande alegria que existe no ato de acreditar, bem como a esperança de reencontrar o entusiasmo para comunicar a todos as verdades da fé. Verdades que não são uma simples mensagem sobre Deus, uma informação a seu respeito. Verdades que expressam o evento do encontro de Deus com os homens, encontro salvífico e libertador, que realiza as aspirações mais profundas do homem, o seu anseio de paz, fraternidade e amor.
A fé nos leva a descobrir que o encontro com Deus melhora, aperfeiçoa e eleva o que há de verdadeiro, de bom e de belo no homem. Acontece, portanto, que, enquanto Deus se revela e se deixa conhecer, o homem vem a saber quem é Deus e, conhecendo-o, descobre a si mesmo, a sua origem, seu destino, a grandeza e a dignidade da vida humana.
A fé permite um conhecimento autêntico de Deus, que envolve toda a pessoa: é um saber no sentido latino de sàpere” [degustar], um conhecimento que dá “sabor” à vida, um novo sabor de existir, uma maneira alegre de estar no mundo. A fé se exprime no dom de si mesmo aos outros, na fraternidade que nos torna solidários, capazes de amar, vencedores da solidão que nos deixa tristes.
Esse conhecimento de Deus através da fé não é, portanto, só intelectual, mas vital.
É o conhecimento do Deus-Amor, graças ao seu próprio amor. O amor de Deus nos mostra, nos abre os olhos, nos permite conhecer toda a realidade, indo além das perspectivas estreitas do individualismo e do subjetivismo, que desorientam as consciências. O conhecimento de Deus é uma experiência de fé, que implica, ao mesmo tempo, um caminho intelectual e moral: profundamente tocados pela presença do Espírito de Jesus em nós, superamos os horizontes do nosso egoísmo e nos abrimos para os verdadeiros valores da existência.
Hoje, nesta catequese, quero focar na razoabilidade da fé em Deus.
A tradição católica, desde o início, rejeitou o assim chamado fideísmo, que é a vontade de acreditar contra a razão. Credo quia absurdum (creio porque é absurdo) não é a fórmula que interpreta a fé católica. Deus não é um absurdo: em todo caso, é um mistério. O mistério, por sua vez, não é irracional: ele é um excesso de sentido, de significado, de verdade. Se, ao olhar para o mistério, a razão vê o escuro, não é porque não haja luz no mistério, mas sim porque há luz demais. Assim como, quando os olhos de um homem se dirigem diretamente para o sol, eles veem apenas escuridão. Mas quem diria que o sol não é brilhante? Quem diria que ele não é a fonte da luz? A fé nos permite olhar para o “sol”, Deus, porque é o acolhimento da sua revelação na história e, por assim dizer, recebe realmente todo o brilho do mistério de Deus, reconhecendo o grande milagre: Deus veio até o homem, se ofereceu ao seu conhecimento, condescendendo à limitação natural da razão humana (cf. Concílio Vaticano II, Constituição dogmática Dei Verbum, 13).
Ao mesmo tempo, com a sua graça, Deus ilumina a razão, lhe abre novos horizontes, imensuráveis e infinitos. A fé, por isto, é um forte incentivo para buscarmos sempre, para nunca pararmos nem nos acomodarmos na busca incansável da verdade e da realidade. É vão o preconceito de alguns pensadores modernos, que afirmam que a razão humana seria bloqueada pelos dogmas de fé. É exatamente o oposto, como os grandes mestres da tradição católica mostraram. Santo Agostinho, antes da sua conversão, procura pela verdade com grande inquietação, através de todas as filosofias disponíveis, achando todas insatisfatórias. Sua meticulosa procura racional é para ele uma pedagogia significativa para o encontro com a Verdade de Cristo. Quando ele diz “compreende para crer e crê para compreender” (Discurso 43, 9: PL 38, 258), é como se estivesse contando a sua própria experiência de vida. Intelecto e fé, diante da revelação divina, não são estranhos nem antagonistas; são, ambos, condições para compreendermos o seu significado, para recebermos a autêntica mensagem, aproximando-nos do limiar do mistério.
Santo Agostinho, junto com muitos outros autores cristãos, é testemunha de uma fé que se exercita com a razão, que pensa e convida a pensar. Neste caminho, Santo Anselmo dirá em seu Proslogion que a fé católica é fides quaerens intellectum, e que a busca da inteligência é um ato interior do acreditar. Será especialmente São Tomás de Aquino quem lidará com a razão dos filósofos, mostrando a força fecunda e nova da vitalidade racional que inunda o pensamento humano a partir dos princípios e das verdades da fé cristã.
A fé católica é razoável e tem confiança na razão humana. O concílio Vaticano I, na constituição dogmática Dei Filius, disse que a razão é capaz de conhecer com certeza a existência de Deus através da criação, e que apenas a fé tem a oportunidade de conhecer “facilmente, com certeza absoluta e sem erro “(DS 3005) as verdades sobre Deus, à luz da graça. O conhecimento da fé, ainda, não é contrário à razão. O beato papa João Paulo II, na encíclica Fides et ratio, resume: “A razão humana não é anulada nem humilhada quando presta assentimento aos conteúdos de fé, que são, em qualquer caso, alcançados por livre e consciente escolha” (número 43).
No irresistível desejo da verdade, só a relação harmoniosa entre a fé e a razão é o caminho certo que conduz a Deus e à realização de si mesmo.
Esta doutrina é facilmente reconhecível em todo o Novo Testamento. São Paulo, escrevendo aos coríntios, sustenta: “Enquanto os judeus pedem sinais e os gregos buscam a sabedoria, nós pregamos o Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os gentios” (1 Cor 1,22-23 ).
Deus, de fato, salvou o mundo não por um ato de poder, mas através da humilhação do seu Filho único: de acordo com os padrões humanos, o modo incomum escolhido por Deus contradiz as exigências da sabedoria grega. No entanto, a cruz de Cristo tem sua razão, que São Paulo chama de logos tou staurou, a palavra da cruz (1 Co 1,18). Aqui, o termo logos indica tanto a palavra quanto a razão, e, se alude à palavra, é porque expressa verbalmente processos que a razão elabora. Paulo, assim, vê na cruz não um evento irracional, mas um fato da salvação, que tem uma racionalidade própria, reconhecível à luz da fé. Ao mesmo tempo, ele tem tanta confiança na razão humana que se maravilha de que muitos, mesmo vendo as obras realizadas por Deus, se obstinem em não acreditar nele. Diz ele em sua carta aos romanos: “Os atributos invisíveis [de Deus], ​​ou seja, o seu eterno poder e a sua natureza divina, são contemplados e compreendidos na criação do mundo através das obras das suas mãos” (1,20).
Também São Pedro exorta os cristãos da diáspora para adorarem “o Cristo Senhor em vossos corações, sempre prontos a responder a todo aquele que vos pedir razões da esperança que habita em vós” (1 Pe 3,15). Em um clima de perseguição e de forte necessidade de testemunhar a fé, os crentes são convidados a justificar a sua adesão à palavra do evangelho, a dar razão da sua esperança.
É nesse terreno, de ligação frutuosa entre o compreender e o acreditar, que está enraizada ainda a relação virtuosa entre ciência e fé. A pesquisa científica leva ao conhecimento de verdades sempre novas sobre o homem e sobre o cosmos, conforme sabemos. O verdadeiro bem da humanidade, que é acessível pela fé, abre o horizonte para a sua jornada de descoberta. Devem ser incentivadas, portanto, as pesquisas a serviço da vida, que visam erradicar a doença. Também são importantes as investigações sobre os segredos do nosso planeta e do universo, na consciência de que o homem é a coroa da criação, não com o fim de explorá-la insensatamente, mas de preservá-la e torná-la habitável.
Assim, vivida na verdade, a fé não entra em conflito com a ciência, mas coopera com ela, oferecendo critérios básicos para que ela promova o bem de todos, e lhe pede renunciar apenas às tentativas que, em oposição ao plano original de Deus, podem produzir efeitos que se voltam contra o próprio homem. Por isso mesmo, é razoável acreditar: se a ciência é uma aliada valiosa para a compreensão do plano de Deus no universo, a fé permite que o progresso científico aconteça sempre em prol do bem e da verdade do homem, permanecendo fiel a esse mesmo plano.
É por isso que é crucial para as pessoas abrir-se à fé e conhecer a Deus e o seu plano de salvaçãoem Jesus Cristo. O evangelho inaugura um novo humanismo, uma autêntica “gramática” do homem e de toda a realidade. O Catecismo da Igreja Católica afirma: “A verdade de Deus e a sua sabedoria sustentam a ordem da criação e do governo do mundo. Deus, o único que “fez o céu e a terra” (Sl 115,15), pode dar, somente ele, o verdadeiro conhecimento de cada coisa criada na relação com ele” (número 216).
Esperamos, portanto, que o nosso compromisso na evangelização ajude a dar nova centralidade ao evangelho na vida de muitos homens e mulheres do nosso tempo. E oramos para que todos reencontrem em Cristo o sentido da vida e o fundamento da verdadeira liberdade: sem Deus, o homem se perde. Os testemunhos daqueles que vieram antes de nós e que dedicaram a vida ao evangelho o confirma para sempre. É razoável acreditar, pois o que está em jogo é a nossa existência. Vale a pena nos desgastarmos por Cristo. Só ele satisfaz os desejos de verdade e de bem enraizados na alma de cada homem: agora, no tempo que passa, e no dia sem fim da eternidade bem-aventurada.

Cristianismo, fé cada vez mais global .

Uma em cada três pessoas no mundo pertence a uma religião cristã. A porcentagem corresponde a 2,18 bilhões de cristãos, ou seja, 31,7% da população mundial, de 6,9 bilhões.
“Os cristãos também se expandiram do ponto de vista geográfico, estando tão distantes uns dos outros de fato que nenhum continente ou região pode presumir ser o centro do cristianismo mundial’’.
Assim como há um século, os cristãos representam uma proporção significativa da população mundial, mas enquanto, em 1910 dois terços estavam na Europa, atualmente estão espalhados mais amplamente em termos mundiais.
Quase 34% dos cristãos estão na América do Norte e do Sul; 26% na Europa, enquanto que 23,6% vivem na África subsaariana e 13,1% na região Ásia-Pacífico. Apenas 0,6% está no Oriente Médio e norte da África.
“O cristianismo de hoje - ao contrário de há um século - é realmente uma fé global” - aponta o Centro Pew no informe "Cristianismo global", produzido pelo Foro Pew sobre Religião e a Vida Pública.
A metade de todos os cristãos são católicos, enquanto 36,7% são protestantes e 11,9%, ortodoxos, segundo o estudo.

Traços da juventude...


quarta-feira, 21 de novembro de 2012

 Padre Roy Bourgeois é punido canonicamente por “ordenação” inválida de mulher.


A reportagem, com informações fornecidas pela Sociedade Maryknoll, é do sítio Christian Newswire.
A Congregação para a Doutrina da Fé do Vaticano, no dia 4 de outubro passado, removeu canonicamente Roy Bourgeois da Catholic Foreign Mission Society of America, também conhecida como Sociedade dos Padres e Irmãos de Maryknoll.
A decisão dispensa o padre maryknoll dos seus vínculos sagrados.

Como sacerdote, em 2008, Bourgeois participou da ordenação inválida de uma mulher e de uma missa simulada em Lexington, Kentucky.(foto). Com paciência, a Santa Sé e a Sociedade Maryknollencorajaram a sua reconciliação com a Igreja Católica. 
No entanto, Bourgeois preferiu fazer campanha contra os ensinamentos da Igreja Católica em ambientes seculares e não católicos. Isso foi feito sem a permissão dos bispos dos EUA e ignorando as sensibilidades dos fiéis em todo o país.
A desobediência e a pregação contra o ensino da Igreja Católica sobre a ordenação de mulheres levou à sua excomunhão, demissão e laicização.

Bourgeois optou livremente pelos seus pontos de vista e ações, e todos os membros da Sociedade Maryknoll estão entristecidos com o fracasso da reconciliação. Com essa despedida, a Sociedade Maryknoll agradece calorosamente a Roy Bourgeois pelo seu serviço à missão, e todos os membros desejam a ele todo o bem em sua vida pessoal. No espírito de equidade e de caridade, a Sociedade Maryknoll irá ajudar Bourgeois nessa transição

Qual é a relação que existe entre a Verdade e a prática da caridade?

Gostaria de chamar a atenção sobre um aspecto muito importante do conhecimento e da utilização da Doutrina Social da Igreja e sobre o envolvimento social e político dos católicos. Refiro-me à falta de consciência da dimensão social dos princípios da doutrina cristã. Eu acho que muitos católicos seriamente engajados na sua comunidade sejam certamente capazes de dizer por que a Doutrina Social da Igreja considere mais importante a pessoa do funcionário do que o produto do trabalho, mas talvez não sejam tão capazes de dizer por que o dogma da Trindade seja de fundamental importância também para a construção da cidade terrena, bem como da celestial.

O nosso observatório já falou sobre estas questões, que consideramos fundamentais. Por exemplo, no passado nós escrevemos sobre a importância dos documentos da Congregação para a Doutrina da Fé, a fim de um uso correto da Doutrina Social da Igreja. Eu mesmo falei com uma nota publicada seja no nosso site que está no "Boletim da Doutrina Social da Igreja", sobre "A doutrina social da Igreja no contexto da Doutrina Cristã". Dentro dos Relatórios Anuais sobre a Doutrina Social da Igreja no Mundo, publicados pelo nosso Observatório, a análise do Magistério de Bento XVI centra-se sempre sobre estas questões doutrinárias, considerando-as fundamentais para definir corretamente a questão social. Seria uma grave amputação da Doutrina Social da Igreja esquecer esses fundamentos dogmáticos e projetar-se diretamente nas assim chamadas "coisas para fazer". No entanto, talvez, justamente é isso que ocorre, mesmo em escolas e sessões de formação na Doutrina Social da Igreja.

Esta atenção para os aspectos dogmáticos e doutrinários e as suas consequências sociais, é também muito importante no discernimento com relação às outras religiões. Se estes são colocados de lado e negligenciados, então acaba que também o católico acredita que todas as religiões sejam igualmente capazes de levar a humanização, a justiça, a paz, o respeito pela pessoa e de estabelecer uma vida social saudável. Se acreditar em um Deus que é três pessoas é o mesmo que acreditar em um Deus que não o é, então não faz diferença para a construção da sociedade ser um cristão ou ser de outra religião monoteísta.

Como exemplo, gostaria de trazer aqui o caso do dogma da Trindade, ou seja, no fato de que a Igreja Católica crê num Deus que é apenas uma substância em três pessoas e do monoteísmo, ou seja, na crença em um só Deus.

Se seguirmos o pensamento de Joseph Ratzinger, observamos que a Trindade nos diz que originária não é só a unidade, mas também a multiplicidade; que uma pessoa como unidade única não existe porque está sempre dirigida a; que existe, além da substância, o plano da relação, que deve ser considerado um verdadeiro e próprio plano do ser. Da mesma forma como a pessoa é feita à imagem de Deus, também a pessoa vive junto desta unidade e multiplicidade, originariamente e contemporaneamente. Este aspecto dogmático e doutrinal da fé cristã nos diz portanto que não acontece que nós primeiro sejamos aquilo que sejamos e depois nos relacionamos com os outros comunitariamente. A realidade é que o nosso ser individual é por si mesmo aberto à comunhão, é já uma relação dentro de si mesmo e com os outros.

Agora, pensemos na sociedade e nos perguntemos: a sociabilidade relacional entre as pessoas se reforça mais por meio de uma semelhante religião ou por meio de uma religião na qual Deus é só unidade e não multiplicidade? Eu diria que a resposta é bastante evidente. Uma sociedade tem maiores possibilidades de que seja coesa e unida partindo daquela concepção religiosa, mais do que da outra. Um Deus que seja também Trinitário não é menos Uno, mas sim é mais Uno, porque aqui se trata da unidade do Espírito, que é absolutamente mais profunda justamente porque tal. Dois esposos, ainda que distantes fisicamente entre eles, estão infinitamente mais unidos do que duas pedras juntas uma da outra. Na comunhão espiritual é possível unir-se ao outro sem renunciar de ser si mesmo, e mais, tornando-se maiormente si mesmo na medida que se une ao outro. Estas simples observações tomadas da nossa experiência quotidiana nos fazem compreender que um Deus em Três pessoas é mais Uno e fornece à sociedade um exemplo de íntima e profunda unidade relacional que a sociedade, nos seus níveis infinitamente inferiores, experimenta no matrimônio, na família, na comunhão de um grupo, de uma nação e na inteira comunidade universal vista como uma só família. O monoteísmo, em quanto tal, trouxe grandes benefícios à sociedade, mas nem todos os monoteístas são iguais. O monoteísmo trinitário é capaz de trazer benefícios ainda maiores.

Aqui não é o lugar para examinar outros dogmas da religião católica, basta um exemplo. A encarnação, a epifania, a morte na Cruz, a Ressurreição, Pentecostes, a Vida Eterna, o Juízo Final... são aspectos dogmáticos e doutrinais que são de fundamental importância para a organização deste mundo e para a doutrina social da Igreja . Abrir um lugar para Deus no mundo, diz Bento XVI, requer evitar negligenciar este elo fundamental entre os aspectos dogmáticos e a construção da cidade terrena. Em outras palavras, não deve ser esquecido, mas estudado e aprofundado o primeiro capítulo do Compêndio da Doutrina Social da Igreja.

 

 

 

 

 

 

 

 

Festa de Santa Luzia apoia Campanha de Doação de Córneas

O que são os Bancos de Olhos?

Os Bancos de Olhos são instituições responsáveis pela retirada, transporte, avaliação, classificação, preservação, armazenamento e disponibilização dos tecidos oculares doados (ou seja, responsáveis por todas as etapas de processamento dos tecidos oculares doados). 

2) Por que os procedimentos de processamento dos tecidos oculares doados, desde a retirada, precisam e devem ser executados pela equipe do Banco de Olhos?

Porque esta é a única maneira de garantir que os procedimentos de processamento dos tecidos oculares doados serão feitos de maneira ética, com segurança, por profissionais capacitados, de acordo com as "Normas Médicas Internacionais" para este tipo de atividade e com a legislação em vigor.

Somente os Bancos de Olhos estão preparados para realizar o necessário controle de qualidade dos tecidos oculares doados que serão distribuídos para transplante. 

3) Qualquer pessoa pode ser doadora de tecidos oculares?

Sim. Independente da idade e do uso de correção visual (óculos ou lentes de contato), ou de alguma possível doença, qualquer pessoa pode ser doadora de tecidos oculares. Os distúrbios de refração (como miopia, hipermetropia, astigmatismo...) e outros distúrbios visuais (como catarata, glaucoma...) não impedem a doação. 

4) Mesmo que a pessoa não tenha manifestado o desejo de doação, a família pode entrar em contato com o Banco de Olhos?

Sim. A família é a única responsável pela efetivação de uma doação, pois a retirada dos tecidos oculares só pode ser feita com a autorização da família. 

5)  Como posso manifestar o desejo de, algum dia, vir a ser doador?

O importante é conversar com os familiares a respeito do seu desejo, pois, por lei, este desejo só poderá ser cumprido se a sua família autorizar a doação. 
Para conscientizá-los, você pode solicitar, também, um cartão de doação ou um folheto informativo ao Banco de Olhos de sua região.
Basta entrar em contato com o Banco de Olhos e solicitar o cartão de doação ou os folhetos informativos. 
O cartão de doação não tem valor legal e é apenas uma das maneiras que a pessoa tem de expressar o desejo de, algum dia, vir a ser doadora. 
O mesmo vale para as pessoas que incluíram em sua Carteira Nacional de Habilitação (carteira de motorista), a frase "Doador de Órgãos e Tecidos". Em ambos os casos, a finalidade é apenas educativa, pois a doação só poderá ser efetivada com a autorização da família. 

6) A retirada dos tecidos oculares provoca alguma deformidade no doador?

Não. Os tecidos oculares são retirados de acordo com técnica cirúrgica que não deixa vestígios. A doação não modifica a aparência do doador.

7) Pode ocorrer alguma complicação durante a retirada dos tecidos oculares doados?

A conversa com a equipe do Banco de Olhos antes da autorização de uma doação é fundamental. É muito raro acontecer alguma complicação durante a retirada dos tecidos oculares doados. No entanto, certos medicamentos que possam ter sido ministrados ao doador, podem provocar algum sangramento (que, às vezes, pode deixar algum sinal). A equipe do Banco de Olhos estará preparada para orientar os familiares sobre esta possibilidade.

8) Até quanto tempo após o óbito os tecidos oculares podem ser retirados?

O ideal é que os tecidos oculares doados sejam retirados até 06 (seis) horas após o falecimento. Por isso, o Banco de Olhos deve ser avisado rapidamente. Mas, vários fatores podem contribuir para que este prazo possa ser maior (em alguns casos, pode ser de até 24 horas).

9) Se alguém quiser, em vida, doar uma córnea para um familiar inscrito na lista de   espera para transplante de córnea, poderá?

Não. No caso da doação de córnea, este tipo de procedimento não é realizado e não é permitido por lei. 

10) Se a família quiser autorizar a doação para que, por exemplo, a córnea seja transplantada em alguém da própria família ou em algum amigo da família, é possível?

Não. A distribuição dos tecidos oculares doados é controlada pelos órgãos governamentais e é feita respeitando-se a ordem de inscrição do paciente na lista de espera. Não existe a possibilidade de que pacientes venham a "furar a fila" ou "ser favorecidos" por qualquer razão. Só em casos específicos, de comprovada emergência, previstos em lei, o paciente poderá ser transplantado de maneira imediata.

A doação é um ato humanitário. Portanto, o ato de doação é incompatível com qualquer condição que possa vir a ser proposta para a concretização da doação.

11) Se os familiares do doador quiserem conhecer os receptores dos tecidos oculares doados ou se os pacientes receptores destes tecidos quiserem obter informações sobre o doador ou sobre os familiares que autorizaram a doação, poderão?

Não. De acordo com a legislação e com o "Código de Ética dos Bancos de Olhos", todas as informações sobre os doadores e sobre os receptores de tecidos oculares doados são sigilosas, devendo os Bancos de Olhos manter todos os registros em caráter confidencial.

Nem mesmo o médico que realiza a cirurgia tem acesso à identidade do doador, pois os tecidos oculares e as informações sobre estes tecidos deixam o Banco de Olhos identificados por códigos.

12) Como são utilizados os tecidos oculares doados?

Os tecidos oculares doados são utilizados para fins terapêuticos (de recuperação dos pacientes inscritos em lista de espera). A córnea, a esclera (parte branca do olho) e as células-tronco da córnea podem ser utilizadas com finalidade terapêutica. Cada doador pode beneficiar vários pacientes, se, além das córneas, a esclera e as células-tronco forem utilizadas (o que é rotina nos Bancos de Olhos).

Os tecidos que, por algum motivo, não puderem ser utilizados em cirurgias, serão utilizados em pesquisas (aprovadas por Comissão de Ética) ou ensino. 

Os tecidos oculares doados jamais são desprezados. Todos têm uma finalidade.

13) Como são distribuídas as córneas?

Obedecendo à legislação e ao "Código de Ética dos Bancos de Olhos", a distribuição das córneas é feita respeitando-se a ordem de inscrição dos pacientes na lista de espera. 

No Brasil, o controle das listas de espera (Estaduais/Regionais) é feito pelas Centrais Estaduais de Transplantes (Centrais de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos - CNCDO), das Secretarias Estaduais de Saúde, e pelo Sistema Nacional de Transplantes, SNT, do Ministério da Saúde.

14) Quantas pessoas aguardam por um transplante de córnea no Brasil?

Aproximadamente, 25 mil pessoas.

15) Após o óbito, existe algum cuidado que deva ser tomado para que as córneas não sejam danificadas?

Sim. Manter as pálpebras bem fechadas e, se possível, colocar gelo sobre os olhos (tomando cuidado para que as pálpebras estejam, sempre, bem fechadas e para que o gelo não provoque um peso excessivo sobre os olhos).

16) O que é a córnea?

A córnea é um tecido transparente que fica na parte da frente do olho (de forma grosseira, podemos compará-la ao vidro de um relógio ou a uma lente de contato). Se a córnea se opacifica (embaça) por enfermidades hereditárias, lesões, infecções, queimaduras por substâncias químicas, enfermidades congênitas ou outras causas, a pessoa pode ter a visão bastante reduzida ou, às vezes, até perder a visão.

17) O que é o transplante de córnea?

Os transplantes permitem que pessoas com alguma deficiência visual por problemas de córnea recuperem a visão.

Durante um transplante de córnea, o botão (ou disco) central da córnea opacificada (embaçada) é trocado por um botão central de uma córnea saudável. Esta cirurgia pode recuperar a visão em mais de 90% dos casos de pessoas que têm alguma deficiência visual por problemas de córnea.

18) O olho, como um todo, pode ser transplantado?

Não. Somente alguns tecidos oculares, como a córnea e a esclera, e células-tronco da córnea, podem ser utilizados com fins terapêuticos. 

19) É seguro para o paciente receber um tecido ocular doado? Existe a possibilidade de transmissão de alguma doença?

Os Bancos de Olhos tomam todos os cuidados para garantir a qualidade dos tecidos oculares doados, visando, principalmente, à segurança dos pacientes que irão receber os tecidos. 

Não há riscos de transmissão de doenças, pois os Bancos de Olhos cumprem "Normas Médicas Internacionais" e, no Brasil, "Normas Técnicas para o Funcionamento dos Bancos de Olhos" - da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, ANVISA, Ministério da Saúde -, que garantem o correto controle de qualidade com relação aos tecidos oculares doados. 

Por isso, é fundamental que todas as etapas do processamento dos tecidos oculares doados, desde a retirada, sejam executadas pela equipe do Banco de Olhos.

20) Qual é o custo da doação para os familiares do doador?

Nenhum. A família do doador não paga nada pela doação e tampouco recebe qualquer pagamento pela doação.

21) Existem objeções religiosas com relação à doação?

Não. As diferentes religiões aprovam a doação como um ato humanitário.