quarta-feira, 11 de julho de 2012

Dom Eugênio de Araujo Sales: mais un intercessor no Céu


O Rio de Janeiro está de luto. O centro da cidade parou na manhã de ontem, dia 10 de julho, para prestar suas últimas homenagens ao Arcebispo Emérito Cardeal Dom Eugenio de Araujo Sales. O corpo do Cardeal chegou às 12h, de ontem, na Catedral Metropolitana de São Sebastião, no Centro, em um cortejo conduzido pelo Corpo de Bombeiros, e foi recebido pelo Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta, pelos Bispos Auxiliares, pelo Clero, Diáconos, religiosos e religiosas, funcionários da Arquidiocese e uma grande quantidade de fiéis, além de autoridades, como o Governador Sérgio Cabral e o Prefeito Eduardo Paes.
Após o Hino Nacional, executado pela banda da Polícia Militar do Estado, o Arcebispo do Rio, Dom Orani João Tempesta fez a leitura do Salmo 125:
“Cântico das peregrinações. Quando o Senhor reconduzia os cativos de Sião, estávamos como sonhando. Em nossa boca só havia expressões de alegria, e em nossos lábios canto de triunfo. Entre os pagãos se dizia: O Senhor fez por eles grandes coisas. Sim, o Senhor fez por nós grandes coisas; ficamos exultantes de alegria! Mudai, Senhor, a nossa sorte, como as torrentes nos desertos do sul. Os que semeiam entre lágrimas, recolherão com alegria. Na ida, caminham chorando, os que levam a semente a espargir. Na volta, virão com alegria, quando trouxerem os seus feixes”.
Entoado pelo Coral do Seminário Arquidiocesano de São José, o cântico “Marcha da Igreja” emocionou a todos os presentes, enquanto o corpo do mais antigo Cardeal da Santa Igreja, Dom Eugenio Sales, entrava na Catedral de São Sebastião com uma pomba branca – símbolo da Paz – sobre seu caixão.
— Nós nos reunimos hoje nessa Catedral, nesse local que Dom Eugenio tanto celebrou e que foi inaugurado e dedicado por ele, para agradecer a Deus por sua vida nesses quase 92 anos vividos para o Senhor e principalmente para o povo, com as suas preocupações sociais e pastorais. Queremos agradecer por sua missão e pedir a Deus que ele seja acolhido pelo Pai e que tenha a alegria de ser levado pelo Bom Pastor sobre os seus ombros, ressaltou o Arcebispo do Rio, Dom Orani João Tempesta.
Já durante a homilia, Dom Orani afirmou que por tudo o que Dom Eugenio de Araujo Sales foi, fez, falou e trabalhou, em suas mãos está grande parte da significativa história não só da Igreja, mas também da cidade do Rio de Janeiro. Para o Arcebispo torna-se difícil falar dos legados de Dom Eugenio, tendo em vista que o Cardeal realizou grandes obras no Brasil, no mundo e, em especial, no Rio de Janeiro, onde trabalhou por 30 anos.
— Dom Eugenio foi um sinal do Cristo Pastor, que levou e defendeu a vida do seu povo. É até significativo que a pomba, símbolo da paz, não queira sair do caixão. Vemos retratado na vida e na missão desse meu querido antecessor que ele, sim, pode dizer: “Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé e agora estou diante do justo juiz”. Eu creio que dará a ele a coroa da glória e da justiça, afirmou Dom Orani.
Centenas de padres foram ordenados e dezenas de bispos foram sagrados pelas mãos de Dom Eugenio de Araujo Sales. O Cardeal tinha autêntica devoção ao Sumo Pontífice e foi universalmente reconhecido por isso. Amigo pessoal de Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI, sempre se ouvia de sua boca a convicção: “seguir o Papa em suas mínimas orientações, pois é o melhor para a Igreja, para a diocese, para cada católico”. E nessa defesa nunca temeu ser impopular. Em sua consciência, Dom Eugenio soube trabalhar os planos dessa Arquidiocese e do Brasil, e também ensinou a como evangelizar o povo na fé correta e ortodoxa, capaz de realizar grandes eventos.
— Sabemos que Dom Eugenio foi um grande entusiasta da Jornada Mundial da Juventude (JMJ RIO2013) aqui no Rio de Janeiro. A carta que ele enviou para o Santo Padre, o Papa Bento XVI, foi também fundamental para que o pontífice escolhesse nossa cidade para sediar esse grande evento. Lembramos que, dentre os vários intercessores da JMJ RIO2013, também teremos esse nosso grande amigo rezando pela Jornada, destacou o Arcebispo durante a celebração.
O Pároco da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, em Olaria, Padre João Jefferson Chagas, falou da importância de Dom Eugenio Sales para a sua vocação sacerdotal, além de citar sua convivência fraterna com o Cardeal.
— Dom Eugenio deixou, não só para mim mas para toda a Arquidiocese, um exemplo de fidelidade à Igreja, de modo particular à figura do Santo Padre. Era uma constante em seus discursos a fidelidade ao Romano Pontífice. Outra marca do Cardeal é que mesmo sendo príncipe da Igreja, ele sempre foi simples e se preocupava com os mais humildes. Lembro-me de visitá-lo e, mesmo já emérito, não tendo mais as obrigações de um Arcebispo Titular, infalivelmente ele celebrava todos os dias a sua Missa às 7h da manhã e ainda fazia uma preparação antes e após a Santa Missa, e isso me comovia, pois ele celebrava com muito zelo, muita calma, muita tranquilidade e, com certeza, esse amor à Santa Missa e essa fidelidade a
A Igreja foi o que fez com que ele perseverasse até o fim, combatendo o bom combate. Sua devoção a Nossa Senhora também era algo inspirador. Ele jamais ficou sem rezar o Terço e, mesmo chegando tarde, fazia sua oração na Capela. Lembro-me também de almoçarmos juntos e que, logo após o almoço, ele passava na Capela do Santíssimo, na casa dele, e fazia 5 minutos de Adoração. Uma frase que me marcou profundamente, diante dos conselhos que eu pedia a ele foi: “Meu filho, seja sempre fiel! Mesmo que haja infiéis, seja fiel no meio dos infiéis”. Dom Eugenio consumiu sua vida pela Igreja e hoje o coração fica um pouco saudoso, mas o céu se rejubila. João Paulo II, a quem ele foi tão fiel, deve estar recebendo-o no céu, juntamente com aqueles que o precederam na glória eterna, disse Padre João Jefferson.
O corpo do mais antigo Cardeal da Santa Igreja está sendo velado na Catedral de São Sebastião.  Hoje,quarta-feira, dia 11 de julho, o Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta, presidirá a Missa Exequial seguida do sepultamento na cripta da mesma Catedral, que fica localizada na Avenida República do Chile, 245 – Centro do Rio de Janeiro


* Fotos: Gustavo de Oliveira


Fonte: Diocese de Santa Luzia

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