quarta-feira, 22 de maio de 2013


Presidente da Rio Eventos: JMJ é “o evento da imprevisibilidade” e representa desafio maior que a Copa e Olimpíada!

Revista Veja
Com um calendário recheado de eventos de grandes proporções e visibilidade, como a Copa do Mundo, a Olimpíada e o Rock in Rio, o Rio de Janeiro tem, em julho, o seu principal desafio, em matéria de organização: a Jornada Mundial da Juventude, o maior encontro católico do mundo, que trará o papa Francisco ao Brasil entre os dias 23 e 28.
Os organizadores trabalham com alguns complicadores, como a dificuldade de estimar o número de participantes. O tipo de hospedagem, de forma geral vagas em casas de voluntários ou em espaços emprestados pelo poder público, e a inscrição, normalmente feita de última hora, são dois fatores que tornam a JMJ um evento “imprevisível”, nas palavras do presidente da Rio Eventos, Leonardo Maciel, responsável por cuidar do planejamento do município para a série de competições e grandes concentrações de pessoas que estão por vir.
Maciel falou sobre a JMJ em entrevista ao site de VEJA:
A Jornada Mundial da Juventude é o evento mais complexo que o Rio vai sediar?
Sim. Costumo dizer que é o evento da imprevisibilidade. É preciso considerar dois fatores: a Jornada atrai a curiosidade das pessoas e, ao mesmo tempo, nem sempre o participante está inscrito pela Igreja para acompanhar os atos com o papa. Ou seja, é difícil mensurar a vinda dos católicos para o Rio. No caso da jornada deste ano, há também os temperos que foram sendo agregados no meio do caminho. Na segunda de carnaval, o papa Bento XVI renunciou. Era um pontífice com limitação de agenda por causa da saúde, o que tornava o evento menos complicado de ser controlado pelos agentes públicos. O sucessor escolhido foi um papa latino-americano, carismático, sem limitações de saúde e disposto a ter mais eventos públicos.
O que muda na organização da prefeitura para receber o novo papa?
É um impacto muito maior para a operação da cidade. Com o papa Francisco, trabalhamos com a possiblidade de quebra de protocolo, o que nos obriga a estar muito mais atentos às operações realizadas nos lugares onde ele estará. Em tese, na terça e na quarta-feira, o papa terá agendas internas e uma ida a Aparecida. Mas, se a Igreja mudar os planos, teremos que sentar todos na mesa novamente, com todas as forças de segurança, e reavaliar a operação da cidade.
O baixo uso da rede hoteleira na JMJ é um complicador para organizar a cidade?
É um complicador até mesmo para identificar os sintomas de ocupação da rede hoteleira. Quando começa a ter muita reserva, nós da prefeitura passamos a ter uma expectativa do número de turistas que virá, o que é muito útil no momento de montar a operação da cidade para o evento. Na JMJ, isso não existe. A maior parte fica em hospedagem domiciliar (casas de voluntários) ou em locais disponibilizados pela prefeitura e pelo governo, como escolas e ginásios. O nosso descontrole é na medida do desconhecimento da informação. Se há alguém vindo para ficar na casa de parente para ver o papa, nós não temos como saber.
O Rio está preparado para ter aproximadamente 1,5 milhão de pessoas dependentes do transporte público?
É sempre uma preocupação. O transporte é o nosso grande desafio. Na verdade, em um evento em qualquer cidade, o é sempre o transporte público. O Rio de Janeiro tem um complicador nessa questão e nós temos feito inovações no transporte de alta capacidade para corrigir os erros que existem na cidade. Para a Jornada, trabalharemos em regime especial: identificaremos a necessidade de cada evento com o papa para adaptar as linhas de ônibus, metrô e trem na tentativa de não haver impacto negativo para os turistas na cidade.
No dia 21 de abril de 2010, um evento evangélico com um milhão de pessoas, na Enseada de Botafogo, parou o trânsito na Zona Sul e nos acessos à Zona Norte. Qual foi o aprendizado para a prefeitura?
Isso fica de lição para sabermos que algumas informações são imprevisíveis. Agora, por exemplo, superestimamos o número de ônibus fretados que chegarão à cidade. Trabalhamos com a chance de chegarem 20 mil desses coletivos. Planejamos para o máximo possível de ônibus, e assim evitamos problemas.

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